segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Esfera


Ontem um berlinde de vidro motivou o Alexandre a fazer uma Ode a Heráclito. Anteontem, o A_gosto fez-me chegar a casa com um saco de berlindes. Encantatórios. O dono da Casa da Boneca - loja de brinquedos de Viseu, que faz parte do imaginário infantil dos viseenses da minha idade - ofereceu, a cada um dos participantes, um saco com esféricas memórias. A Casa da Boneca está prestes a fechar. E na cidade deixará de haver igual loja, com caixas de jogos já envelhecidas pelo tempo, com brinquedos que hoje já não se podem designar por brinquedos, com restos de uma infância que já era.

Lembro-me do violeiro, que disse que, «quando somos jovens, temos muitas arestas mentais» e que, com a passagem do tempo, «tudo na vida tende a ficar esférico».

Para os nostálgicos, deixo uma sugestão: Mistério Juvenil.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ética, pá!




(Castelo de Vide também é isto)


Uma amiga, jornalista desempregada, recusou um convite para ser assessora de imprensa numa das distritais de um partido. Pensou em aceitar porque precisa de fazer pela vida. Mas o estômago começou a remoer, na hora em que reuniu para acertar os valores da remuneração, e começou a ouvir falar mal de jornalistas que denunciaram situações que envolviam figuras do partido. Nem quis saber se a estrutura partidária aceitava os valores pedidos por ela. Ligou a recusar o convite. E dormiu mais descansada naquela noite. Mais descansada e a sentir que o nome dela estava limpo do lamaçal político que se avizinha. Sabe que pode ter desperdiçado a possibilidade de arranjar um "tacho" no partido ou em alguma autarquia, mas também sabe que iria ser profundamente infeliz a trabalhar no seio da política.

Quando vejo políticos a desfazerem-se em simpatia com os jornalistas que trabalham na área política e, com laivos de má educação, a ignorarem os outros, os que não lhes dão jeito, começo a sentir alguma urticária.E questiono-me sobre quem é que essas figuras da política querem iludir quando soltam larachas como "há falta de ética na vida política" ou" precisamos de ter princípios e valores e darmo-nos ao respeito, para sermos respeitados". É que não há paciência para discursos de embalar bebés. Principalmente quando, diante de 100 jovens com ambições políticas, tanto defendem a ética como, logo de seguida, anuem com o recurso à "cunha". Porreiro, pá.

Eu cá prefiro ouvir
Gay Talese.

(Podem chamar-me lírica, que não me importo)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A_gosto




E se tivessem uma cápsula do tempo onde pudessem depositar um objecto simbólico e, daqui por cinco anos, voltassem a resgatá-lo? Que memórias seriam acordadas? O que o olhar encontraria no objecto e em nós próprios?

Quem achar piada à ideia, pode entrar nesta experiência até dia 29 de Agosto, em Viseu.

O A_gosto da cidade vai para além da cápsula do tempo. A associação cultural Amarelo Silvestre e o Projecto Património -Empório juntaram-se para reflectir Viseu. No sábado, dia 29, vai haver piquenique no Parque Aquilino Ribeiro, conversas saborosas, passeio a pé pelo centro histórico e uma dissertação sobre lugares e não-lugares.

Eu andarei por lá. Porque as boas ideias dos bons amigos são para ser acompanhadas. Bem de perto.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Firmeza




De um homem uma mulher espera firmeza. Firmeza de carácter, de ideias, de atitudes. Firmeza no abraço. Quando a mulher sente firmeza, ama mais. Ama melhor. Quando sente firmeza, fica formosa e segura. E amará para além do amor.



E

ternidade.

De como o dicionário deveria ter duas versões: feminina e masculina



Ela queixa-se de que ele tem pouca firmeza. Ele, de sobrolho carregado, vai com a mão à braguilha e pergunta-lhe se ela se queixa de falta de erecção.



[uma amiga jura-me que isto lhe aconteceu]



segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Recuo



O Ivan tem razão. Às vezes, a sociedade da informação cansa. Um recuo faz bem, para depois voltar.

"Amanhã o mundo inteiro/ vai perguntar onde foste/ E tu dizes apenas/ que saíste,viajaste// Amuar faz bem/Amuar faz bem".

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Barragem



A semana começou comigo no meio da paz, com os olhos postos no Dão, e não nas cavernas de Vieira do Minho. Em termos de trabalho, a semana prometia ser calminha. E, de repente, tudo muda.

Não vou stressar, não vou stressar, não vou stressar. Missão: seis trabalhos em cinco dias. Não vou stressar, não vou stressar, não vou stressar. Seis trabalhos ainda por definir na íntegra. Não vou STRESSAR! (ups,até já uso pontos de exclamação, ai que vou ser excomungada)

Mas aquilo que queria mesmo partilhar era a beleza da Barragem da Aguieira. E tenho dito.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sou toda ouvidos

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mobilidade

Imagem do filme Disponível para Amar, de Wong Kar-Wai



1. O que é então o medo?
O Medo é a sensação provocada pela proximidade do Outro

2. Como pode acabar o medo?
Eliminando o Outro ou afastando-o

3. Mas é o Outro que nos muda

4. Sem o Outro (vento, homens, mulheres, animais, coisas) eu permaneço imóvel e igual


5. Como o tempo prossegue, permanecer imóvel é avançar na direcção desagradável. Não mudar não é ser imortal, é envelhecer.

6. Aproveita, então o medo para mudar; seguindo a direcção desejada (...)


Magnífico excerto de
"O Outro (II)", em "O Senhor Swedenborg e as investigações geométricas". de Gonçalo M. Tavares


(via Teatro Anatómico)


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O penedo e o pneu





Foi algures por aqui, no Minho, bem no meio do mato, no Penedo da Cereja, que dei hoje uma queda monumental. Eu até me riria da situação, não fosse a insistente dor no cóccix. Depois de me doer o osso, rebentar um pneu numa área de serviço não foi coisa para me fazer doer a alma.


Resumo do dia: Grata me confesso por conhecer gente boa que, de cócoras e mãos sujas, troca o pneu a uma desconhecida. Queridos homens, nisto de trocar pneus, sou muito gaja. E não me orgulho. Nas aulas de condução, deveria ser obrigatório ensinar a usar o macaco e outras macaquices necessárias à troca de pneus.



P.S. Tenho mais um episódio de gente boa, mas fica para depois. Toda eu (cóccix incluído) preciso urgentemente de descanso.