quinta-feira, 14 de maio de 2009

Fertilidade







Hoje, como há 35 mil anos, o erotismo. O corpo feminino como campo sem pousio. Seios e ventre em crescente arredondar, a perpetuação da mortalidade. Imortal desejo de ser, em comunhão.




As ondas rebentaram na saia
muito perto da estrada de pó.
O teu corpo por escrito em cima da mesa:
«Pégaso trocou as asas pelo peso de uma mulher».

Fomos recebendo o dia como se ele fosse
as margens e a sombra e nós
o caudal lento entre as pernas da terra.
Cada gota um meio. Nem princípio nem fim.

E o dia chegou nu sem penas nem pêlos
igual aos animais alados cobertos
pelo peso de uma mulher.

[Catarina Nunes de Almeida, in Prefloração]

1 comentário:

Alexandre disse...

não é erotismo. trata-se da sobrevivência da espécie e da aljava de instintos que a conforma.