Hoje, como há 35 mil anos, o erotismo. O corpo feminino como campo sem pousio. Seios e ventre em crescente arredondar, a perpetuação da mortalidade. Imortal desejo de ser, em comunhão.
As ondas rebentaram na saia
muito perto da estrada de pó.
O teu corpo por escrito em cima da mesa:
«Pégaso trocou as asas pelo peso de uma mulher».
Fomos recebendo o dia como se ele fosse
as margens e a sombra e nós
o caudal lento entre as pernas da terra.
Cada gota um meio. Nem princípio nem fim.
E o dia chegou nu sem penas nem pêlos
igual aos animais alados cobertos
pelo peso de uma mulher.
[Catarina Nunes de Almeida, in Prefloração]
1 comentário:
não é erotismo. trata-se da sobrevivência da espécie e da aljava de instintos que a conforma.
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