A alta hospitalar. A chegada a casa. O que os olhos da minha mãe ansiavam ver. Como gosto de a ver no meio da rebentação primaveril.
As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos - digo,
As mulheres - ainda que as casas apresentem os telhados inclinados
Ao peso dos pássaros que se abrigam.
É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas
Transformam-se em escadas
Muitas mulheres transformam-se em paisagens
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram
Nos ramos - no pescoço das mães - ainda que as árvores irradiem
Cheias de rebentos
As mulheres aspiram para dentro
E geram continuamente. Transformam-se em pomares.
Elas arrumam a casa
Elas põem a mesa
Ao redor do coração.
[Daniel Faria]
1 comentário:
:))
Belíssimo post.
Belíssimo poema.
Belíssima "notícia".
( e aqui embaixo obrigam-me a escrever:
lo grato)
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