A Linguística é para aqui chamada, ó se é. Para quem ainda tivesse dúvidas, eis, em Moçambique, a constatação de que a ignorância mata.
«O título do livro pensara nele enquanto olhava fixamente para a montra de uma pastelaria cheia de porquinhos de maçapão. Há já algum tempo que eu andava interessada na questão do canibalismo simbólico.Na altura, eram os bolos de casamento, encimados pelos seus noivos de açúcar, que muito em particular me fascinavam», Margaret Atwood
domingo, 29 de março de 2009
Colérica ignorância
A Linguística é para aqui chamada, ó se é. Para quem ainda tivesse dúvidas, eis, em Moçambique, a constatação de que a ignorância mata.
sábado, 28 de março de 2009
sexta-feira, 27 de março de 2009
La vie ne c'est pas une feuille blanche
Marianne: - Não é verdade. Os sentimentos contêm ideias.
Matéria e antimatéria. O vermelho sobre o rosto azul. E a linha do destino que era mesmo curta, como o pavio. Explosão. Bumm!
quarta-feira, 25 de março de 2009
Sombra de dúvida
[Olho para estas fotos, tiradas hoje à tarde, e lembro-me de uma certa conversa sobre matéria e antimatéria, das consequências violentas da união das duas, do aniquilamento mútuo. E não posso deixar de sorrir...a senhora dona Física conhece tão bem a alma humana, que até parece a Agustina Bessa-Luís]
domingo, 22 de março de 2009
Olhar com comprimento, altura, profundidade e milagre

P.S. O título foi inspirado num poema de Gonçalo M. Tavares.
sexta-feira, 20 de março de 2009
A primavera de volta a casa
A alta hospitalar. A chegada a casa. O que os olhos da minha mãe ansiavam ver. Como gosto de a ver no meio da rebentação primaveril.
[Daniel Faria]
domingo, 15 de março de 2009
Folhas secas
Tem havido dor, muita dor. Ver a tristeza, inquietação muda, no olhar da minha mãe. Ver a minha mãe a olhar para um corpo que, pela terceira vez, foi aberto no mesmo sítio. A doença como uma estranha que não pediu licença para entrar numa casa de carne e osso. A doença a esconder-se atrás de cortinas. Até um dia se comportar como elefante em loja de porcelanas. E surpreender. O estilhaço. O rasgão. Os agrafos. A costura.
A dor. A dor está-me a servir para colocar na devida ordem certas miudezas. Impõe-se uma imagem, ainda desfocada. Não vislumbro todos os contornos. Mas, sinto-me a abrir uma gaiola cheia de folhas secas. A sensação de estar na posse de uma gaiola de folhas secas, sabendo que a prisioneira afinal sou eu.
Quero deixar a gaiola vazia, de porta aberta. O tombo das folhas. Húmus.
Há dias, dei por mim a queimar, na lareira, todas as flores secas que encontrei cá em casa. Cada vez me parece mais incompreensível oferecer a alguém arranjos de flores secas. Gosto de ver o desabrochar das flores que a minha mãe tem semeado no jardim. Gosto das flores que, com o frio, adormecem, para voltar a despertar na primavera.
Flores secas estão ao nível do quadro do menino da lágrima. Pior só mesmo baptizar alguém com o nome de Maria das Dores.
domingo, 8 de março de 2009
Pausa
Ontem abriu-se uma brecha de beleza, num quotidiano que tem girado em torno do hospital. Em boa companhia, assisti ao concerto de Rodrigo Leão & Cinema Ensemble. Uma pausa. A beleza a entrar-me pelos ouvidos e pelos olhos. No final do concerto, dois olhos atentos às minhas palavras inquietas.
A neblina acompanhou-me na viagem de regresso a casa.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Fotossíntese
Almofada de húmus, o leito.
O pólen vermelho na ronda do peito.
Queria dizer-te: fotossinto-te.