sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Marcas do vazio


Campanha publicitária da marca Jigsaw - Autumn Winter 98

A publicidade, esse agente e espelho do corpo social, é capaz de nos persuadir a utilizar os produtos como meios de auto-expressão. Nós não compramos produtos, adquirimos rótulos, emoções, estilos de vida, símbolos.
A propósito de um trabalho para a cadeira de Publicidade, no terceiro ano do curso de Comunicação Social, em 1999, fiz dois dossiers sobre o universo publicitário. Da recolha de anúncios, em suporte papel, foi possível constatar uma tendência dos anos 90 - características como as da incomunicabilidade, solidão e angústia eram utilizadas para vender produtos ligados ao universo da moda. Até surgiu a tendência heroin chic, cujo ícone foi Kate Moss. A modelo apareceu, em campanha da Calvin Klein, com um ar escanzelado e olheiras profundas, porque era cool ter ar de drogada.
O aspecto da incomunicabilidade, de ausência de partilha afectiva, mereceu-me atenção pelo espelho sociológico contido na publicidade. Durante algum tempo, irei partilhar aqui alguns dos anúncios reveladores desse 'mal de vivre' de quem, na abundância, se sente vazio. O retrato de uma sociedade que se enche, mas não se preenche.


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