«Se a beleza, cuja perfeição rejeita a animalidade, é apaixonadamente desejada é porque nela a posse introduz a mancha animal. É desejada para ser manchada. Não por si mesma, mas pela alegria gozada na certeza de a profanar.
No sacrifício, a vítima era escolhida de tal modo que a perfeição tinha por fim tornar sensível a brutalidade da morte».
[Georges Bataille, in O Erotismo]
Beleza, náusea. Intimidade, violação. Amor, brutalidade sexual. A subtileza de Monica Belucci [deusa, deusíssima], a corrupção moral do personagem Ténia. O destapar da boca, na cama, no túnel, porque as premonições não se calam. Não se entra em «Irreversível» confortavelmente. A banda sonora irritante, as imagens que nos colocam a cabeça do avesso, o nojo. O filme, de Gaspar Noé, entra em nós, lancinante. Permanece em nós, no estômago. Um filme brilhante, no toque do buraco negro da matéria humana.
5 comentários:
dos meus preferidos.
só peca, a essa putativa mancha, por a violação ser anal. qualquer homem sabe instintivamente que a mancha indelével é a que resulta da cópula vaginal.
As imagens deste filme ainda estão na minha cabeça.
Filme intenso e brilhante, sim. Lembro-me de ter ficado fascinado logo com o início.
Tenho-o em dvd há muito, mas ainda não o revi.
Nem todas as deusas seriam tão corajosas como a Monica o foi. Mulher de todos os nossos sonhos.
- le temps détruit tout.
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