- «Sim, porquê?» - respondeste tu.
Por vezes, para nos aquecer o peito, precisamos apenas de uma resposta concisa a uma pergunta frontal, em que queremos um sim ou um não [naquele momento, não queria uma resposta arco-íris, queria simplesmente o preto e o branco]. Uma resposta que - vinda de ti - tinha de trazer uma pergunta às costas. Eu respondi-te que às vezes há coisas que sabem bem ouvir. E tu sorriste. Podes perguntar: «Como viste o sorriso à distância de um écrã, sem webcam ligada?»
Mas vi-o. Os olhos não vêem tudo.
Comoveu-me o «sim, porquê?». Eu sou assim. Às vezes comovo-me com as coisas menos óbvias, com as coisas pequeninas, ninas, minhas, significantes de tão insignificantes. A questão não foi a resposta à pergunta. Foi a resposta àquela pergunta num dia como o de hoje. Foi a conversa que antecedeu aquela pergunta, é a confiança que permanece quando estamos em silêncio. Neste preciso dia, ver-te escrever aquela resposta era tudo o que eu precisava. E não te sei explicar porquê. É tão bom haver confiança, quando tudo se afigura devoradoramente volátil.
[Fui usurpar a foto ao blogue da Menina Limão porque é puro discurso visual sobre confiança]
Agora vou aqui revirar a alma, para ir para a cama uns metros acima do chão.
Agora vou aqui revirar a alma, para ir para a cama uns metros acima do chão.
[Só espero que, nos sonhos, não me apareça a Manuela Ferreira Leite a deitar a língua de fora ao Mário Crespo, à porta de um certo supermercado de bairro]
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