segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Casa-ilha


A geografia dos afectos. Um homem do Sul amou uma mulher das Beiras e encantou-se pela própria Beira Alta. Não amou apenas a mulher; apaixonou-se pelas formas que lhe deram forma ao carácter. O enamoramento por todo um universo geográfico e afectivo. Quis conhecer as Beiras, como quis conhecer a mulher: com intensidade.


Quando começava a avistar o verde, no itinerário principal, ele [homem do mar] dizia: estamos a chegar a casa. O verde a desafiar-lhe a curiosidade. A vontade de conhecer o chão onde começara a criar subtis raízes.


Uma das mais belas telas que ele pintou tem aquilo que pode chamar-se de árvore aquática [a união de dois universos]. As escamas, a densidade. Agora pincela mais com as palavras. É agora o que já era antes de: um belíssimo contador de histórias [constata-se nos dois livros que escreveu e ilustrou]. Um ser que vive a vida pelo lado de dentro e que gosta de partilhar com os outros o que a a sensibilidade digeriu.


A mulher beirã um dia disse-lhe que se reescreve o mundo, com o talento que se encontra no âmago. A escrita é reescrita. Homens e mulheres, palimpsestos com batimentos cardíacos.


A casa-ilha, agora plantada no meio de uma vinha no Dão, é o símbolo da relação vivida entre esse homem marítimo e essa mulher bucólica.




1 comentário:

Sininho disse...

:) Que giro :) beijinhos