
Imagem de Fernando Figueiredo
Nada. Partir do nada, para chegar a nada. Vale a viagem. Os pés descalços, o Verão no asfalto, a poeira a humanizar vidas assépticas. Mulher de coração trincado, as vísceras na travessa. Fome de surpresa. Fernando Pessoa a enlear-me a cintura:
«Sábio é quem monotoniza a existência, pois então cada pequeno incidente tem um privilégio de maravilha. O caçador de leões não tem aventura para além do terceiro leão. (…)
O viajante que percorreu toda a terra não encontra de cinco mil milhas em diante novidade, porque encontra só coisas novas; outra vez a novidade, a velhice do eterno novo, mas o conceito abstracto de novidade ficou no mar com a segunda delas. (...)
Monotonizar a existência, para que ela não seja monótona. Tornar anódino o quotidiano, para que a mais pequena coisa seja uma distracção».
Desígnio: fazer deste blog uma distracção.
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