domingo, 23 de maio de 2010

A mudança

O tempo, passa, passa. E eu ainda não vos falei do desejo que está a ser cumprido, desde Janeiro. Tenho postado pouco, é um facto. E do pouco que tenho escrito por aqui, não vos contei que a mudança passou por ir para Lisboa. Talvez não tenha dito isso antes porque a mudança foi natural, como se o meu lugar fosse precisamente a mobilidade. Gosto de mim assim, a oscilar entre Campo de Ourique e o campo dos minhas origens.
Os amigos de sempre continuam a ser os amigos de sempre, a família - e em particular a minha mãe - felizmente (muito felizmente) tem andado bem, começam a crescer novas amizades e o coração, esse, continua a surpreender-se com o que se vai enraizando de mansinho.
Conheci pessoalmente a minha querida Viviane. E, graças à visita papal (que tanto trabalhinho me deu), estive pertinho de dois bloggers próximos cá da casa. Dois miguéis por acaso. Sim, confesso, estive ao pé de ti e de ti e não me apresentei. Desculpem o meu recato.

Sou toda ouvidos

domingo, 16 de maio de 2010

Dúvida existencial

( Imagem retirada daqui, via O Polvo)




Como é que duas ilhas se tornam num arquipélago?


domingo, 9 de maio de 2010

A caminho


Quando amo muito durante muito tempo, tenho saudades de mim. Quando amo viro varanda, toda voltada para ele. Até que chega um momento em que me procuro e vejo-me toda espalhada num território que é ele.


Então, começo a criar distância e fronteira…a caminho de mim. Primeiro, as frases começam a ser contidas. Viro egoísta, crio gavetas dentro das veias, para que as palavras sejam mais minhas, tão só minhas. Torno-me monossilábica. Depois o olhar retrai-se. Fujo da claridade dos olhos de quem me ama.


Ai, e o prazer que me dá ser honesta, quando ele me diz 'tenho saudades tuas'. E eu respondo 'eu também, eu também'. Nem imagina que é de mim que tenho saudades. Depois digo-lhe que estou a caminho de mim…e ele fica baralhado.

Às vezes, ele deita-me um olhar inquisidor e pergunta: Quem és tu, Mar-ga-ri-da? Tem essa mania irritante de separar as sílabas do meu nome, como se desunindo sílabas, descosendo palavras, pudesse dissecar o meu pensamento. É aí, quando chega essa pergunta absurda – Quem és tu? -, que me desinteresso da inteligência dele.


Quem sou? Quem sou? Como se fosse possível ser estanque, água sem torrente. Ele queria-me definida, arrumadinha. Queria-me igual, para o resto da vida. Queria apanhar-me como caçador de borboletas. E, com alfinetes, colocar-me na imobilidade. Estática como um dicionário.


Fico triste a olhar as fotografias. Quero estar viva. Abro a janela. E sou.